Visualizando Sucesso: Escrevendo a História do Meu Parto Através da Arte da Visualização

Visualizando Sucesso:  Escrevendo a História do Meu Parto Através da Arte da Visualização

Semana passada minha doula Flora me pediu para criar um plano de parto. Baixamos um modelo semi-pronto da internet e preenchemos os espaços em branco. Criar um plano de parto é um passo importante na minha jornada, pois consigo especificar minhas escolhas pessoais, que nem sempre estão alinhadas aos padrões convencionais.

Para quem nunca fez um plano de parto, se trata de um esboço escrito das escolhas que você gostaria que acontecesse durante e depois do trabalho de parto. Seu plano pode incluir qualquer coisa que torne esse momento o mais especial e respeitoso para sua família, tal como, escolher as pessoas que você quer que estejam com você durante todo o processo ou se você quer ou não, remédios para aliviar a dor. 

Suas preferências podem inclusive ter desejos que sejam contra o padrão tradicional desse momento. Por exemplo, no meu parto faço questão de passar primeira hora de nascimento da minha filha coladinha com ela sem interrupções. Também não quero que removam seu vernix e seu cordão umbilical deverá ser cortado apenas depois de parar de pulsar.  

Embora meus desejos não sejam convencionais, eu escrevi cada uma dessas preferências no meu plano de parto, pois aprendi com o parto do meu filho Jasper, que não preciso seguir protocolos padronizados e antigos, que não se justificam mais.

Mas para que você saiba o que adicionar no seu plano de parto, é importante primeiro entender quais são esses protocolos, por que eles existem e estudar um pouco sobre eles. É preciso ler algumas pesquisas baseadas em evidências científicas, compará-las com seu histórico de saúde e gestação.

No meu caso, o plano de parto é uma ótima ferramenta para comunicar os meus desejos à minha equipe. Contudo, ele não é o suficiente para que eu consiga visualizar, em detalhes, como eu desejo que esse nascimento aconteça. Ou seja, o plano de parto convencional não me ajuda a construir um quadro completo de tudo que irá acontecer, passo a passo.

Senti então a necessidade de escrever como desejo  que tudo transcorra, incluindo todos os meus desejos mais íntimos para esse momento especial. Algo que me mantenha motivada diante dos desafios e que me ajude a ver uma luz nos momentos de escuridão. 

Quando visualizo todos os detalhes, me conecto com minhas intenções mais profundas antes mesmo que elas aconteçam, me deixando mais segura e relaxada no processo. É como um atleta se preparando para sua temporada esportiva, é importante ter uma visão clara de uma jornada com sucesso.

Antes de contar para vocês como montei a visualização do nascimento da minha filha, vou explicar um pouco sobre como essa técnica funciona. 

O que é a Técnica de Visualização?

A visualização é a arte das imagens mentais – onde você coloca seu foco inteiramente em alcançar e tornar real um sonho ou desejo pessoal.

Então, quando você diz que acredita em algo e pratica a arte da visualização, está usando sua mente para manifestar seus sonhos tornando-os realidade. Assim, enquanto no mundo real nada mudou, em sua mente você já está no estado de espírito de ter conquistado o que idealizou. Muitas pessoas também chamam isso de manifestação. 

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E sabe porque a arte da visualização é importante pra mim? Eu vou te explicar…

Trazer uma criança com segurança para este mundo é um evento coletivo. Não só temos que lidar com as nossas preocupações e medos pessoais, como também nos deparamos com as inseguranças e medos das pessoas ao nosso redor.

Quando contei para meu pai sobre nossa escolha de um parto domiciliar, senti suas preocupações, antes mesmo dele dizer qualquer coisa (a energia viaja mais rápido que ação, você sabia?).

Depois de me ouvir, ele fez uma pausa e disse, “Essa ideia precisa de mais consideração.” E eu expliquei, “Mas pai, minha equipe e eu estamos considerando todas as possibilidades há semanas…” 

Também expliquei  que teria uma ambulância à minha disposição. Mas não foi suficiente para acalmar suas preocupações. 

Estou certa que essa inquietude permanecerá em alguns familiares e amigos quando souberem da notícia. 

Felizmente para mim, meu marido não se preocupa. Ele apenas diz:  “Eu vou apoiá-la, não importa o que aconteça”. E ele faz exatamente isso, sempre. Por outro lado, como a decisão final é minha, quando meu pai se enche de medos, mexe comigo.

Qualquer receio ainda não resolvido em mim é despertado, trazendo uma vibração de insegurança. Por um momento, entro em uma realidade baseada no medo que não me pertence e nem acredito que exista! Acabo pensando nos piores cenários e no que pode acontecer se algo der errado.

Quando percebo meu corpo se contraindo por conta desse medo, entro na respiração consciente e repito para mim mesma: “meus pensamentos são imagens que fiz apenas na minha mente, não são reais”. Inspiro conscientemente pelo nariz e solto o ar pela boca, deixando ir embora o que quer que esteja me incomodando. Faço isso por alguns minutos até que sinta meu corpo livre e minha mente limpa.

É preciso coragem para seguir nossos sonhos à nossa maneira. Especialmente quando decidimos seguir por um caminho diferente da maioria. Talvez, você tenha que enfrentar muita gente se opondo, seja na opinião dita ou no campo energético, mas tudo o que crêem vem do medo relacionado à sobrevivência e ao desconhecimento. O importante é lembrar de observar sem absorver. 

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Embora as pessoas tenham boas intenções, elas desconhecem informações baseadas na ciência sobre a segurança de um parto domiciliar planejado para uma gravidez de baixo risco. Vivem absortos em uma realidade baseada na desinformação sobre o assunto e por isso se preocupam.

E é exatamente nesses momentos que percebo que praticar a arte da visualização, me ajuda a me reconectar com o que é real para mim. 

Sem mais delongas, começarei a te apresentar como visualizo a história de nascimento da minha filha, para que eu possa realmente sentir as emoções e meus valores mais profundos sendo realizados. Quero ativar a minha motivação interior, tal como uma atleta que se prepara para a melhor temporada da sua vida.

Aqui está como minha história de nascimento vai se acontecer:

2. Começo O Processo De Visualização Pelo Final

Como tudo irá acabar?

Estou na minha banheira sentindo as contrações irem e virem enquanto espero a dilatação acontecer por completo. A cada contração, vocalizo toda a dor na expiração e permito que meu corpo relaxe.

Estou focada e minha garotinha está na posição perfeita. Cabeça baixa, queixo no peito, mãos no coração, de costas para a minha barriga e o cordão umbilical flutuando livremente. Consigo sentir sua cabeça com minha mão, o que me motiva a deixá-la sair.

Quando a contração perfeita vem, me rendo ao momento. Qualquer medo, dúvida ou dor sai do meu corpo e naturalmente, deixo meu renascimento acontecer. Ao sair do meu universo paralelo e reentrar na terra, imagino todas as mulheres que vieram antes de mim. Eu sou elas, elas são eu. Elas me enchem de poder para terminar esta tarefa.

Eu inspiro como se estivesse inalando o universo e quando o ar sai dos meus pulmões, sua cabeça aparece. Inspiro novamente e quando menos espero, vejo todo o seu corpo sair de mim. Eu a pego com minhas próprias mãos, assim como fiz com Jasper. Ela chora por um minuto, depois relaxa em meus braços. Ela é linda, saudável e tudo ao nosso redor é como deveria ser, mágico.

Inicio a hora dourada e todos respeitam essa hora gloriosa. Nossa bebê está nos meus braços, pele a pele. O Fulvio está aqui pertinho de nós, mas sou eu quem a segura. Estão todos em silêncio, maravilhados e honrando a benção de testemunhar este momento. Estou muito feliz, acabei de dar à luz minha filhinha! O nome dela vem à minha mente assim que olho para ela.

Cerca de uma hora depois, minha equipe pega ela dos meus braços apenas para pesá-la e ver como ela está rapidinho, antes de entregá-la ao pai. Chegou a hora de dar à luz a minha placenta. Assim como da última vez, eu puxo o cordão umbilical e a placenta sai. Tomo um banho rápido para limpar o sangue e vou para minha cama abraçá-la e começar o processo de amamentação. Ela pega facilmente o peito.

Eu me sinto tão realizada. Minha equipe está orgulhosa de ter feito um trabalho maravilhoso. Meu marido está tão feliz e o Jasper está ao nosso lado, admirando o nascimento de sua irmãzinha. Ao mesmo tempo que está animado, ele também é gentil com a irmã.

2. Criando um Cenário Completo, Passo A Passo

Não tenho certeza do dia, mas é meados de fevereiro. Quando ela estiver pronta, estaremos esperando.

Já imaginou se ela chega bem na data prevista para o parto 22/02/2022?

O quarto dela está pronto, aliás, está tudo pronto para sua chegada. Fulvio está aqui, todas as suas roupas e brinquedos estão limpos e sua bolsa de maternidade está feita.

Começo a sentir as ondas de adrenalina indo e vindo, sinto que é o começo do nosso processo. Estou relaxada e qualquer sensação de preocupação desaparece quando me empolgo com a visão que logo mais vou conhecê-la. 

Mando uma mensagem para a minha equipe: “ei pessoal, está acontecendo”. Enquanto sinto as contrações indo e vindo sem um ritmo avançado, fico à vontade para talvez descansar, dormir, comer ou ficar na minha rede. Se eu tiver vontade de dar uma volta, eu vou. Não há pressa.

Na cozinha, minha ajudante Adriana, preparou uma canja, feita com galinha caipira recém-abatida que o motorista trouxe mais cedo. Ao sentir o cheiro da sopa, sinto também a força que ela proporcionará mais tarde no processo. Tem água de coco, frutas e comidas gostosas e quentinhas para caso eu tenha fome.

Logo em seguida, minha doula Flora chega. Ela está calma e me deixa relaxada. Durante nossas consultas, eu havia explicado que gostaria que seu suporte fosse além de tudo gerencial, garantindo que o que discutimos no meu plano de parto fosse realizado.

Meu quarto está aconchegante, com as luzes reduzidas, velas acesas, tornando o lugar confortável e acolhedor. Minha playlist, feita especialmente para esse momento, está tocando e me sinto bem onde estou. 

A piscina inflável com água morna está bem ao lado da minha cama para que eu possa ir e vir quando quiser e precisar. Há muito eucalipto, sais de banho e óleo de lavanda para adicionar na banheira quando desejar.

Minha cama está coberta com um protetor de colchão e tapetes higiênicos descartáveis ​​para quando eu começar a sangrar. Minha ajudante Adriana está organizando as coisas da casa, dando suporte à equipe, enquanto a babá Bya cuida do Jasper. Ambas garantem que tudo está sob controle. Lá fora, a ambulância está à minha disposição.

Tomo um banho morno e aproveito a água massageando minhas costas. Meu marido, Fulvio, está presente, ajudando no que pode. A fisioterapeuta Cecília chega com a Larissa, a acupunturista. Enquanto Cecília está massageando meu quadril para me dar uma maior abertura. Larissa está trabalhando alguns pontos meridianos com suas agulhas.

Já passaram cerca de 4 horas desde que as contrações começaram a ficar mais ritmadas. Juliana, minha parteira e Luciana, minha obstetra, já estão comigo e tudo está bem. A Juliana verifica minha barriga para ver se nossa filhinha está na posição certa e ela está! Está na vertical com a cabeça encaixada. Tudo está indo bem, estamos todas relaxadas. Já é noite, a equipe vai embora e eu vou dormir.

Durmo a noite toda. Acordo pela manhã com as contrações ficando mais fortes, e confio que o meu corpo sabe o que fazer. A Flora chega logo cedo com a acupunturista Larissa e a fisioterapeuta Cecília. Elas fazem o possível para ajudar a aliviar qualquer dor que eu esteja sentindo. A Cecília, que tenho visto várias vezes por semana desde que cheguei no Brasil, me guia de maneira prática e direta sobre o que devo fazer em cada etapa. 

Já são 8h da manhã quando Juliana, a parteira, chega, seguida da obstetra Luciana. Meu corpo está se abrindo com rapidez e quando menos espero, já estou com 9 cm de dilatação. Minha equipe sabe o que é preciso preparar para a chegada do bebê. Tudo está transcorrendo bem, todos já estão aqui, meus mantras estão tocando e me sinto segura apesar do desconforto.

Já passaram cerca de 12 a 13 horas desde que o processo começou e estou no segundo estágio do trabalho de parto. Assim que chego a 10 cm de dilatação, fico feliz de saber que a minha filha finalmente pode passar pelo canal do parto.

Não demora muito até que as contrações fiquem ainda mais intensas. Chega o momento em que a dor é tão insuportável, quero morrer ou pelo menos ir ao hospital tomar a epidural. A minha equipe se mantém forte e me ajuda a passar por este momento sem qualquer intervenção.

Conforme ela gira internamente, ela centraliza ainda mais com sua cabeça encaixada e baixa. Seus braços estão livres perto de seu coração, ela está de costas para minha barriga e seu cordão umbilical está flutuando livremente. A passagem está aberta e ela está em uma posição perfeita. Ela está pronta! 

As contrações ficam menos espaçadas. Quando coloco a mão lá embaixo, sinto sua cabeça, o que me permite relaxar para que ela possa sair. Peço sopa de galinha para a equipe. Logo em seguida, enquanto tomo a sopa, sinto-a aquecendo meu corpo e me dando força. 

Eu sei exatamente o que fazer. A cada contração, eu solto o ar pela boca, relaxando meu corpo e o assoalho pélvico, que se abre como uma flor. Chegou a hora da grande descida. 

Respiro como se estivesse inalando o universo e enquanto sopro o ar para fora, sua cabeça finalmente sai. Inspiro novamente e quando o ar sai pela minha boca, seu corpinho sai também. Eu a pego com as minhas mãos e digo: “Bem vinda a esse mundo minha filha.” Todos sorrimos. 

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Traduzido por: Raquel Araujo

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