Amamentação Exclusiva: O Lado Bom, O Ruim e O Que Ninguém Te Diz
Para mim, a amamentação exclusiva me traz sensações ambíguas de amor, cansaço, satisfação, dor, conexão e confinamento.
De amor, porque através da amamentação, posso passar um tempo cuidando e apreciando minha bebê. Tenho a oportunidade de dar a ela o melhor e mais completo alimento que existe, e no processo, pausar várias vezes durante o dia para estar apenas com ela.
E dor e confinamento, porque é fisicamente intenso. Não dormir bem durante a noite por meses é difícil. Tenho dores nos ombros, nas costas e no pescoço por causa de todas as posições repetitivas da amamentação. De certa forma estou presa, atendendo todas as necessidades da minha bebê, já que ela nem pega mamadeira com meu leite ordenhado.
Se fico ansiosa para perder o peso que ganhei na gravidez, posso acabar esgotando minha produção de leite. E, se estou sempre ocupada, posso ativar minha resposta ao estresse, aumentando assim o cortisol. Se meu cortisol estiver elevado por longos períodos de tempo, isso pode levar a um declínio na minha saúde mental, emocional e física.
Em outras palavras, não tem como ser diferente. A partir do momento em que uma mãe decide amamentar exclusivamente pelos primeiros seis meses, é importante lembrar da responsabilidade que vem com essa decisão. Por isso, para manter minha vitalidade durante esse processo eu como para amamentar, durmo cedo, cuido das minhas dores e descanso quando posso. Sim mamães, descansar é a palavra mágica.
E quando digo descansar, não estou me referindo a ficar rolando o feed no telefone enquanto amamento. O que quero dizer é que, relaxo meus olhos e aprendo a ver a beleza de não fazer nada. E, mesmo que não aconteça todas as vezes, pois realmente não acontece, eu tomei a decisão de me entregar a esse momento.
Muitas vezes, quando estou amamentando, percebo que minha mente entra no piloto automático, ou seja, vagueio nos pensamentos e saio do momento presente. No momento que percebo que isso está acontecendo, trago o meu foco para respiração e volto para o aqui e agora. Olho para minha garotinha, sua pele linda e macia, seus olhos azul-acinzentados e me sinto muito grata por ter a oportunidade de viver cada momento de nossas vidas tão intensamente.
A partir desse momento de gratidão, meu coração se abre e sinto ondas eletromagnéticas se movendo de mim para ela e de volta para mim novamente. Há uma bolha de magia, conexão e beleza nos cercando. Parece que estamos banhados de amor. Nesse momento somos apenas um só ser novamente.
Já viu outros mamíferos amamentando? Eles se entregam ao momento e por isso estão sempre em estado de graça.
Eu sei que estamos programados para estarmos sempre fazendo alguma coisa, especialmente no mundo de hoje, hiperconectado. É quase como se estivéssemos sempre em busca de alcançar algo, em algum lugar do mundo. Mas o que aprendi é que já estou fazendo tanto, só de estar ali amamentando ela.
As vezes penso em todos os benefícios que estamos recebendo com a amamentação. E são muitos, dentre eles: estou ajudando ela a ser a versão mais forte, saudável, inteligente e confiante de si mesma. E para mim, sei que estou diminuindo minhas chances de diferentes tipos de câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e muito mais.
Mais de 80% das mães norte-americanas amamentam seus recém-nascidos, mas menos de um terço continua fazendo isso pelo período de um ano. É importante ressaltar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda o aleitamento materno até os 2 anos ou mais e exclusivo até os primeiros seis meses de vida.
Quando olho para essas estatísticas, penso no meu primogênito Jasper. Ele amamentou por 16 meses e agora que eu estou amamentando a sua irmã Penélope, ele decidiu que quer mamar novamente. Se ele não tiver o seu momento com o tetê da mamãe, tem uma crise de choro.
Ele tem dois anos e meio e quase nunca fica doente. É confiante, inteligente e ativo. Deveríamos estar vivendo o famoso “terrible twos”, os terríveis dois anos, mas eu realmente não vejo nada de terrível nisso. Na verdade, tem sido muito bonito vê-lo se tornando um “menino grande”, embora ainda um bebê, quando está no colinho da mamãe ou amamentando. É um trabalho duplo para mim, mas sei que estou fazendo o bem para todos nós, e isso me mantém segura e forte para continuar.
E por já ter passado por essa jornada uma vez e ter decidido passar novamente, queria muito deixar uma mensagem para cada mãe que decidiu pela amamentação exclusiva até os seis meses: Se conseguir, aguente firme e não desista!
Pois, como tudo na vida, isso também vai passar. Qualquer dor que você esteja sentindo acabará desaparecendo e, daqui a pouco, você voltará a dormir a noite inteira novamente. Sua vitalidade irá retornar e você perderá o peso adquirido na gestação, se é isso que deseja.
Enquanto isso não acontece, não entre no modo multitarefas. Aproveite cada momento de amamentação como uma experiência única de conexão e vínculo com seu bebê. Feche seus olhos e entregue-se. Concentre-se em sua respiração e se permita essa experiência. Aproveite para fazer seu bebê sentir-se seguro e para descansar ao lado dela.
Lembre-se, o leite materno é uma substância viva, e a cada mamada, evolui em sincronia com as necessidades do bebê que está sendo amamentado. Ele contém nutrientes vitais, células que desenvolvem a imunidade e células-tronco. Ele alimenta as bactérias saudáveis do intestino e proporciona muitos outros fatores emocionais que não podem ser replicados.
Contudo, se você não tiver outra escolha a não ser dar fórmula, tenha em mente que você está fazendo o seu melhor, não precisa se sentir culpada. E também, é possível fazer, através dessa circunstância, um momento de vínculo e conexão com seu bebê, transformando o processo numa experiência importante para vocês. Mas se você tiver escolha de amamentar exclusivamente, aproveite e dê tudo de si. Se entregue e saiba que você sentirá falta dos dias em que passou a maior parte do seu tempo fisicamente juntinho ao seu bebê.
O seu eu do futuro, assim como, a versão mais velha do seu bebê estão agradecendo por você acreditar no processo. E no meio tempo, quem sabe você vai aprender novas habilidades de vida, como dizer não, pedir ajuda, se entregar ao momento presente ou até mesmo se aceitar. No meu caso, estou aprendendo a me render ao agora com cada momento de amamentação.
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Traduzido por: Raquel Araujo