Vida no Brasil

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Minha mudança temporária para o Brasil, veio com sua própria parcela de altos e baixos, risos e lágrimas. O Brasil é meu país de origem, o lugar onde tenho minha família e minhas raízes. Em qualquer lugar por onde passo, vejo pessoas sorrindo. Além disso, eu curto falar minha língua nativa e aproveitar o clima tropical.

Em Novembro, passamos mais de 20 dias em Jericoacoara, foi incrível! Se você não conhece essa cidade (também conhecida como Jeri), é uma vila turística de praia, com dunas móveis, ventos fortes e um pôr do sol dos mais belos. As ruas são de areia e há quadriciclos e buggies em cada esquina. Burros, cavalos, gatos e cães, convivem em harmonia pelas ruas. O lugar mais parece o encontro entre o Velho Oeste e a Praia, mas com um estilo ‘paz e amor'. Tudo é naturalmente bonito e harmonioso. Fica fácil esquecer do mundo e ficar no presente momento quando estamos lá. 

Porém, assim que voltamos para Fortaleza, a cidade onde nasci e minha família vive, os desafios começaram a surgir. Nos deparamos com a realidade política e econômica pós-pandemia do país. Muitos negócios faliram, há muitas pessoas na rua, o desemprego crescente e a inflação cada vez mais alta. Além de tudo, o nosso presidente parece viver no mundo da lua! Eu sei que isso pode até parecer com o que acontece nos EUA, mas acredite, as questões globais atingem de modo muito mais duro os países em desenvolvimento. 

O lado positivo, é que os brasileiros mantêm a fé, não importa as circunstâncias. Eles atravessam os tempos difíceis com um jogo de cintura único. Inclusive, tem uma hashtag que eu vejo em todos os lugares que diz: #VAIDARCERTO. Também escuto muitas pessoas falando essa frase o tempo todo. É um modo adorável que as pessoas encontraram de manter o otimismo, apesar da situação atual. Tem sido muito bom participar desse sentimento coletivo durante meu terceiro trimestre de gravidez. 

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Desse mesmo modo, eu também tive que ter muito jogo de cintura para enfrentar meu maior desafio desde que cheguei aqui: a casa que tínhamos planejado ficar, ter a neném e morar por alguns meses, estava com mofo e todos ficamos doentes por respirar aquele ar bolorento. O mofo não estava evidente no começo. Passado algumas semanas, entre espirros, tosses e uma energia lá embaixo, finalmente encontramos a resposta aos nossos problemas. Todos os armários, incluindo os da cozinha, estavam com mofo. 

A princípio, eu pensei, 'Merda! Meses de planejamento jogados janela afora, eu já tinha pensado em tudo!' 

Meu pai vive na casa ao lado, bem como meus tios e meus primos com filhos pequenos como Jasper. O jardim é maravilhoso e o espaço em comum tem uma área grande o suficiente para longas caminhadas com o carrinho de bebê. Tem piscina, parquinho e uma família sempre ao alcance.

A casa em si é enorme e gostosa. O quarto do casal tem uma cama super king size que cabe minha família toda deitada nela, incluindo nossa menina que está prestes a nascer. Eu venho e vou a esta casa, desde que tenho 15 anos e sentia que era o lugar perfeito para entrar em trabalho de parto e dar a luz a minha filha. Exceto, que eu sei o quanto o mofo pode ser prejudicial à saúde. 

Quando comecei a contar para a minha meus primos, tia, e até para meu pai, eles achavam que o mofo não era um grande impedimento à minha permanência na casa. Minha mãe foi a única que concordou rapidamente comigo, que era sim, um problema real. Eu escutei coisas do tipo: “abra as janelas, deixa o ar fresco entrar”, “limpe o armário todos os dias”, “compre esse ou aquele produto”, bla, bla, bla..

A grande questão é que essa casa é localizada num terreno onde as árvores são tão altas que não há como entrar muita luz pela janela. (É assim que meu pai mantém o jardim como uma floresta tropical). O clima é quente e úmido e a casa estava vazia há pelo menos 5 anos. E ainda por cima, é estação chuvosa até Março! 

Todos rapidamente trouxeram soluções, sem compreender que era um problema bem maior do que aparentava. Pelo o que eu percebi, a maioria das pessoas pensam no mofo como um problema local. Ou seja, se está nos armários, não necessariamente atinge o quarto ou banheiro. Mas tendo passado por esse problema na Flórida, eu sabia que não era bem assim. Mofo fica no ar. Não importa onde se esteja na casa, estaremos sempre respirando um ar de baixa qualidade.

Ninguém pareceu ter consciência dos efeitos, a longo prazo, que o mofo causa em nossa saúde. Especialmente para a saúde das crianças. Somente após algumas conversas, meu pai entendeu o impacto que teria em nosso bem estar e sugeriu a remoção de todos os armários para a total erradicação do bolor. E essa solução, não era algo que eu estava disposta a enfrentar nesse estágio da minha gravidez. Então, não me restava outra opção: tinha que me mudar.

Ali estava eu, grávida de oito meses, me recuperando do que sei lá eu tinha e, procurando um novo espaço. Fulvio teve que voltar para a Flórida a trabalho e eu fiquei aqui com o Jasper, procurando uma casa nova para darmos as boas vindas a nossa pequena. E não foi uma tarefa fácil, pois eu precisava de um lugar que já tivesse mobília e também bastante espaço para Jasper brincar. E mesmo as casas com aluguéis mais caros, não tinham o que eu estava procurando.

Eu pensei, 'Como eu vou ter um parto domiciliar nessas circunstâncias?' 

Felizmente, eu encontrei um lugar perfeito! Um condomínio estilo resort, localizado na praia onde meu pai construiu, 30 anos atrás, um parque aquático. Não só eu sou familiarizada com a localidade, como a unidade que encontrei tinha muitos pontos positivos: vista ampla, muita luz natural, ar fresco vindo do mar e a decoração com estilo praiano é harmônica e fresca. 

A praia fica a poucos passos de distância. No condomínio tem parquinhos, piscinas e pessoas se divertindo. A única coisa que faltava era uma rede, mas o proprietário não se opôs que eu colocasse duas no espaço. Eu assinei o contrato, e em poucos dias estávamos nos mudando para lá. Demorou uns dias até adaptarmos aquela casa para ser nosso lar, mas conseguimos! E esperamos ficar por aqui pelos próximos meses.

Enquanto passava por tudo isso, eu ficava pensando sobre a hashtag #vaidarcerto. Já faz cerca de duas semanas desde que nos mudamos, e tudo realmente deu certo. Respirar ar puro, andar com os pés descalços na areia, nadar na piscina com Jasper e descansar, tem ajudado muito minha imunidade. Minha tosse se foi, meu nível de energia melhorou, Jasper está dormindo melhor e suas olheiras desapareceram.

Mudar nossos planos de última hora, foi emocional e fisicamente desgastante. O que fez diferença foi escutar minha intuição e agir, isso me trouxe imensa força e felicidade. Não foi fácil fazer com que todos entendessem quão tóxico o mofo é para vida de qualquer um. É uma ameaça invisível mas a longo prazo pode causar muitos problemas visiveis.

Estou muito feliz de informar a vocês que esse drama agora é passado. Estamos prontos para curtir os melhores momentos aqui no Brasil. Estou em paz, energizada e pronta para concentrar toda a minha energia no nascimento de um novo ser humano. Me sinto segura sabendo que meus bebês crescerão em um ambiente saudável. Eu tenho um time bom de ajudantes, estou comendo frutas frescas, pão de queijo e sopa de galinha. Me sinto finalmente em casa no meu país.

A única questão agora é: Eu vou ter minha bebê em casa ou no hospital? 

Embora eu adoraria que ela nascesse de parto domiciliar, assim como foi o nascimento do Jasper, nossa casa fica um pouco longe do hospital, e isso me preocupa, no caso de termos de partir para o plano B. Mas estou permitindo que a resposta surja naturalmente e assim, logo saberei o que fazer. Manterei vocês informadas.

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Traduzido por: Raquel Araujo

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